Ora a Espanha está na final e francamente não fico nada surpreendido.
Já vos tinha dito isso mesmo em dias anteriores.
Os homens jogam à bola até dizer chega, não a dão a ninguém – são uns egoístas do caraças – querem a bola só para eles, fazem lembrar aqueles meninos lá da rua que eram os donos da bola e que achavam que por isso mesmo, por uma questão de propriedade patrimonial, tinham o direito de não a passar aos outros.
Assim estão os nossos amigos espanhóis.
Sim, digo bem, amigos.
Para o Carlos Queirós os espanhóis são amigos do peito, mesmo.
São eles que lhe dão ainda uma réstia de argumentos para poder dizer (e vai dizer, não tenham duvidas – na primeira entrevista que der e não deve tardar muito, vai dizer isso mesmo: ah, e tal, toda a gente me criticou, mas ninguém fez melhor com a Espanha. Levaram todos na touca.)
Mas esta, claro, é só uma pequena parte da verdade. Eu diria, a mais pequena, mesmo.
Mas voltemos ao Espanha - Alemanha.
A Espanha não deu a mínima chance.
Ganhou por 1-0, podia ter ganho por 2 ou 3.
Lá está. Como com Portugal.
E realmente a Alemanha às tantas parecia Portugal.
Todos lá atrás, ninguém saía.
Inofensivos a atacar. Perdiam a bola constantemente.
E também não conseguiram reagir ao golo da Espanha. Como Portugal.
Mas lá está. Olhando para trás e vendo o que a Alemanha fez, existe uma certa diferença (digo eu) comparado como que Portugal fez. Mas ontem foi praticamente a mesma coisa.
E aqui há mérito da Espanha, indiscutivelmente.
Jogam, dominam e quando os outros têm a bola, abafam e ficam com ela outra vez.
Puyol marcou o golo (com uma grande marrada, há que dizer) e bem vistas as coisas destes 3 jogos a eliminar em que a Espanha ganha por 1-0 – Portugal, Paraguai e Alemanha só mesmo o Paraguai é que deu luta.
Portugal e esta Alemanha de ontem, irreconhecível – Portugal não, esteve ao nível a que estava nos outros jogos quase todos – Portugal e Alemanha, dizia, nem deram luta.
E o resultado é enganador. A Espanha podia e devia ter marcado mais golos.
Del bosque estava evidentemente muito satisfeito com a exibição perfeita dos seus rapazes e antevê muitas dificuldades na final com a Holanda…
Mas…
Eu acho que vai acontecer a mesma coisa. A Espanha a jogar e a Holanda a ver.
Se a Holanda não jogar um bocadinho mais na frente, a Espanha é campeã.
Vão mesmo ter que por a bola no Sneijder, para ele jogar com o Robben, o Kuijt e o Van Persie, senão, têm a mesma sorte que os alemães. Nem tocam na chincha. Se se encolherem todos lá atrás, já foram.
A única forma de dar a volta a esta Espanha é não se encolherem.
Eu sei que é muito difícil e que o mais certo é perderem, mas não perdem na mesma mesmo metidos dentro da baliza?
Essa é que é essa.
E assim vai o mundial, prestes a acabar depois duma maratona impressionante de 1 mês, 64 jogos (faltam 2) e milhares e milhares de vuvuzelas.
Já todos temos zumbidos nos ouvidos.
E não foi preciso lá ir.
E o pior é que já há por cá em todo o lado.
Há um puto numa casa lá ao pé de mim que passa a vida a soprar na vuvuzela.
Mas ele não tem nada assim mais interessante para soprar, não?