É verdade que sim

Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.

Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Foi uma imensa chicuelina o jogo de ontem. Toureámos a Espanha (entenda-se a expressão à luz do registo taurino do país vizinho que faz deste espectáculo um dos seus grandes apeeals turísticos) como se duma faena de el cordobes se tratasse.

Impressionante.

Show de bola. Deu direito a olés e tudo.

4 na boca.

Não sei se repararam que os jogadores espanhóis até saíram embuchados. E amarelos. E não é caso para menos. Levar um tratamento daqueles duma selecção (lá, está, bom dia professor) que há meses atrás só não tinha levado a dose que aplicou ontem porque se tinha metido toda dentro da baliza à espera dum milagre da nossa senhora do Caravaggio que por acaso até já cá nem estava. Tinha-se ido embora com o Scolari, levar um tratamento daqueles, repito, é de deixar um homem com a cabeça à razão de juros.

4-0. Um de Martins, 2 de Postiga, outro de Hugo Almeida. E podiam ser 5. Que o mais espectacular de todos os golos foi injustamente invalidado. Já vamos falar nisso.

É claro que uma coisa destas não passava pela cabeça de ninguém.

Paulo Bento (que belíssima aposta que foi feita neste homem, não há duvida. Não são só os resultados e as exibições, é a postura afirmativa, que diferença, meu deus!). Paulo Bento diz que nem nos melhores sonhos uma coisa destas podia acontecer. Mas aconteceu. A Espanha campeã da Europa e do mundo levou 4 na boca, ao melhor estilo de Aljubarrota.

Vicente Del Bosque, abatido (pudera) dizia que não soube incutir motivação aos seus jogadores para este jogo

E Ronaldo?

Ronaldo marcou um golo inacreditável, um chapéu brutal ao Casillas e a vários jogadores da Espanha ao mesmo tempo, mas o golo foi anulado por fora de jogo do nani (por acaso até nem estava).

Nani que não tinha nada que lá ir meter o bedelho. A bola ia a entrar e o Nani foi lá apropriar-se dum golo que não era dele.

Era do Ronaldo.

Seja como for, com toque de cabeça de Nani ou sem ele, era golo na mesma.

Não podiam ter anulado este golo.

Uma obra-prima inacreditável.

E ainda por cima não é a primeira vez que fazem isto ao Ronaldo.

Ronaldo diz que até um cego via que foi golo.

É verdade.

Confirmo.

É preciso dizer que esta Vitória extraordinária tem uma enorme mérito de Paulo Bento que um homem pragmático, inteligente e simples.

Keep it simple.

A ideia é essa.

Não compliquem o que é simples.

Com Paulo Bento, os defesas são defesas, os médios jogam no meio campo e os avançados andam lá na frente.